A decisão de submeter-se a uma cirurgia na coluna pode causar apreensão: riscos anestésicos, tempo de recuperação prolongado e incertezas sobre o resultado. Para quem sofre com dor lombar ou cervical persistente, há uma opção intermediária antes de optar pelo bisturi: a infiltração na coluna.
Este procedimento minimamente invasivo promete alívio significativo ao reduzir a inflamação em pontos estratégicos, postergando, ou até mesmo dispensando, a necessidade de cirurgia. Ao longo deste artigo, você vai aprender:
Com informações claras, fundamentadas em práticas clínicas, você estará pronto para discutir essa opção com seu médico e tomar uma decisão consciente sobre seu tratamento.
A infiltração na coluna consiste na aplicação localizada de medicamentos, geralmente corticosteroides e anestésicos, junto às raízes nervosas, ao espaço epidural ou às articulações facetárias. O objetivo é reduzir a inflamação, interromper o ciclo da dor e melhorar a função. Quando métodos conservadores, como fisioterapia e analgésicos orais, não trazem alívio, as infiltrações na coluna surgem como passo seguinte, oferecendo benefícios que incluem:
Esses pontos tornam a infiltração uma alternativa atrativa antes de considerar procedimentos mais invasivos.
É um procedimento guiado por imagem (raio-X ou tomografia) em que o médico posiciona uma agulha fina até o ponto exato de inflamação ou compressão nervosa na coluna vertebral. A sessão dura em média 20 a 30 minutos e é realizada em regime ambulatorial.
Ao injetar corticosteroides, há redução da resposta inflamatória local, com diminuição do edema ao redor dos nervos. O anestésico, por sua vez, bloqueia temporariamente a condução do impulso doloroso. Juntos, esses efeitos proporcionam alívio imediato e prolongado.
A infiltração na coluna é recomendada em casos de dor crônica (acima de três meses) que não responde a tratamentos conservadores após 4 a 6 semanas. Sinais de neuropatia, como formigamento, queimação ou perda de força, reforçam a indicação. Exemplos de condições:
Não deve ser realizada em pacientes com:
A medicação é aplicada no espaço epidural, próximo às raízes nervosas. Indicada para dor radicular difusa.
A agulha é direcionada ao forame intervertebral, permitindo ação mais concentrada sobre a raiz nervosa comprimida.
Focalizado nas articulações facetárias, responsáveis pela mobilidade vertebral. Pode ser diagnóstico (testar se a dor melhora) e terapêutico.
Mira ramos nervosos que inervam as facetas articulares, útil em dor facetária crônica.
O paciente deve realizar exame de sangue para avaliar coagulação e função renal (se contraste for usado). Jejum de 4 a 6 horas é recomendado. A suspensão de anticoagulantes deve seguir orientação médica.
Evitar usar cremes ou loções na pele do dorso. Manter hidratação adequada e relatar ao médico quaisquer sintomas de infecção ou alergias prévias.
Após liberação, o paciente recebe orientações escritas sobre repouso relativo e retorno às atividades.
Nas primeiras 24 horas, é comum sentir leve aumento da dor (“flare”) antes dos efeitos anti-inflamatórios se instalarem. Recomenda-se:
Complicações são raras, mas podem incluir:
Em caso de febre, dor intensa ou sinais de infecção, contatar o médico imediatamente.
Escalas como a Visual Analogue Scale (VAS) ou Numeric Rating Scale (NRS) comparam o nível de dor antes, durante e após a infiltração.
Se o alívio for satisfatório, mas temporário (geralmente 3 a 6 meses), pode-se repetir o procedimento até três vezes ao ano, respeitando intervalos que permitam recuperação tecidual.
Caso a resposta seja parcial, o médico pode associar fisioterapia intensiva, terapia ocupacional ou outros procedimentos minimamente invasivos.
Exercícios de estabilidade do core, mobilizações articulares e técnicas de liberação miofascial potencializam o efeito da infiltração.
O suporte psicológico reduz o estresse e as crenças negativas sobre a dor, melhorando a adesão ao tratamento.
Acupuntura, yoga e pilates são complementares para manter a flexibilidade e o bem-estar global.
Plataformas assistidas por robô prometem maior precisão no posicionamento da agulha e redução da radiação de imagem.
Novos corticosteroides de ação prolongada e medicações biológicas exploram mecanismos inflamatórios específicos.
Sistemas de realidade aumentada podem sobrepor imagens de tomografia ao paciente real, aprimorando a visualização anatômica.
Explorar a infiltração na coluna antes de partir para a cirurgia abre espaço para tratamentos eficazes e menos invasivos. Com escolha criteriosa, preparação adequada e acompanhamento multidisciplinar, muitos pacientes encontram alívio prolongado, retêm mobilidade e adiam ou evitam intervenções mais agressivas. Converse com seu médico de confiança, avalie seu caso e descubra se essa alternativa é o próximo passo para restaurar sua qualidade de vida.