Governador de MS critica polarização política e lamenta cenário nacional após decisão unânime da Primeira Turma do STF
Riedel durante solenidade de entrega de veículos a prefeitos em Campo Grande - Foto: Saul Schramm/Secom
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), voltou a se manifestar nesta segunda-feira (24) sobre a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando o episódio como “ruim para a democracia brasileira”. A declaração ocorreu nesta segunda-feira (24) a jornalistas durante entregue de veículos a prefeitos municipais, em Campo Grande, e após a Primeira Turma do STF confirmar, por unanimidade, manter a prisão preventiva determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.
O colegiado acompanhou integralmente o voto do relator, que apontou descumprimento reiterado de medidas cautelares por parte de Bolsonaro, especialmente o uso proibido de redes sociais, além da tentativa de violação da tornozeleira eletrônica com um ferro de solda, ato confessado pelo ex-presidente em audiência de custódia.
Riedel afirmou sentir “pena do Brasil” ao avaliar o histórico recente da política nacional.
“Desde o início dos anos 2000, tivemos presidente impeachment, preso ou afastado. Isso é muito ruim para a democracia brasileira”, declarou o governador.
Ele também expressou preocupação com a crescente polarização e seus possíveis reflexos nas eleições de 2026. “Vivemos um momento muito acirrado da política, e isso termina repercutindo nas ações das instituições. Espero que consigamos avançar para um pleito menos polarizado, que recupere o papel da política nesse processo”, disse.
No último sábado (22), poucas horas após a detenção de Bolsonaro, Riedel divulgou nota na qual demonstrou preocupação com o estado de saúde do ex-presidente, afirmando tratar-se de “um homem de 70 anos, com comorbidades e necessidades especiais de cuidados”.
A decisão da Primeira Turma, formada pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia, foi tomada em sessão virtual extraordinária. Bolsonaro permanece detido em uma sala da Polícia Federal, em Brasília.
Moraes reiterou que a prisão preventiva é necessária para garantir a aplicação da lei penal, citando tanto a tentativa de fuga quanto a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro em frente ao condomínio onde o ex-presidente cumpria prisão domiciliar, o que poderia gerar tumulto e facilitar uma eventual evasão.
O ministro Flávio Dino, em voto escrito, afirmou que as recentes tentativas de fuga de aliados, como a do deputado Alexandre Ramagem, compõem um “ecossistema criminoso” e reforçam o risco à ordem pública.
Bolsonaro foi condenado pela Primeira Turma a 27 anos e 3 meses de prisão, acusado de liderar organização criminosa armada voltada a tentativa de golpe de Estado para se manter no poder após a derrota eleitoral de 2022.
Os primeiros recursos da defesa já foram rejeitados, e novos embargos de declaração podem ser apresentados até o fim desta segunda-feira. Apesar disso, tais recursos não têm, em tese, potencial para reverter a condenação.
A defesa também poderia recorrer por meio de embargos infringentes, mecanismo usado quando há mais de um voto divergente, hipótese que não se aplica ao caso, já que a condenação foi por 4 a 1.
Em processos semelhantes, Moraes determinou o imediato cumprimento da pena após a rejeição dos primeiros embargos, entendendo que recursos posteriores teriam caráter protelatório.