Na segunda fase da Operação Prometeu, Polícia Federal investiga servidores e empresários acusados de fraudar documentos para legalizar terras da União
A Polícia Federal realizou nesta terça-feira (7) a segunda etapa da Operação Prometeu, que tem como foco o combate à ocupação irregular e à exploração ilegal de terras pertencentes à União na região do Pantanal. As investigações apontam a existência de um esquema que envolvia servidores públicos responsáveis por regularizar, de forma fraudulenta, áreas invadidas em Corumbá, a cerca de 430 quilômetros de Campo Grande.
De acordo com a PF, funcionários do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e de um órgão da administração municipal elaboravam documentos falsos para dar aparência de legalidade às áreas ocupadas. Em troca, recebiam pagamento dos beneficiados pelo esquema. Com base nas provas reunidas até o momento, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu o bloqueio de R$ 212 milhões dos investigados e também cobra R$ 725 milhões em indenizações por danos ambientais e ao patrimônio público.
Os envolvidos poderão responder por uma série de crimes, incluindo corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, grilagem de terras, desmatamento, incêndio criminoso e associação criminosa. O Incra confirmou o afastamento de um servidor, enquanto a Prefeitura de Corumbá ainda não divulgou informações sobre o caso. Durante a operação, dois veículos — Toyota Corolla e Hilux — foram apreendidos.
A etapa inicial da Prometeu ocorreu em 20 de setembro e teve como alvos empresários e fazendeiros de destaque em Corumbá. Na ocasião, os agentes descobriram que o fogo era utilizado como instrumento de grilagem, abrindo espaço para a formação de pastagens em áreas públicas.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, a Polícia Federal apreendeu armas de fogo, como rifle, carabina e revólver, além de documentos, celulares e computadores. Alguns suspeitos foram presos em flagrante, mas acabaram liberados após pagamento de fiança.
As perícias apontaram que uma área pública de 6,4 mil hectares estava sendo usada para criação ilegal de gado, com cerca de sete mil cabeças negociadas. O dano ambiental estimado é de aproximadamente R$ 220 milhões.
O nome “Prometeu” faz referência ao personagem da mitologia grega que roubou o fogo dos deuses para entregá-lo aos homens — um gesto que simboliza, neste caso, o uso indevido do fogo como arma de destruição ambiental no Pantanal.