Decisão ocorre um ano após queda do governo Hasina; julgamento foi marcado por tensão, protestos e denúncias de tribunal político
Sheikh Hasina, de 78 anos, acabou sendo deposta em agosto do ano passado após ficar no poder durante 15 anos
A Justiça de Bangladesh anunciou nesta segunda-feira (17) a sentença de morte contra a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, de 78 anos, acusada de crimes contra a humanidade ligados à onda de protestos que tomou o país no ano passado, resultando em centenas de mortes e no encerramento de seu governo de 15 anos.
O veredicto foi lido pelo juiz Golam Mortuza Mozumder, do tribunal de Dacca, que afirmou que todas as condições previstas para esse tipo de crime estavam presentes. “O tribunal entende que a pena adequada é a pena de morte”, declarou.
Além de Hasina, o ex-ministro do Interior Asaduzzaman Khan também recebeu condenação à morte. Um ex-chefe de polícia, que admitiu culpa e depôs contra os dois, foi punido com cinco anos de prisão.
A sessão, transmitida ao vivo, ocorreu sob forte esquema de segurança reforçado pelo governo interino, que posicionou forças paramilitares e policiais em Dacca e em diversas outras regiões para evitar tumultos.
O partido de Hasina, o Awami League, classificou o julgamento como uma “farsa judicial” e convocou uma paralisação geral em todo o país. Tanto ela quanto Khan, que vivem exilados na Índia, foram julgados à revelia. A defesa nomeada pelo Estado também foi alvo de críticas da legenda, que denuncia perseguição política.
As acusações se referem à repressão violenta aos protestos estudantis registrados entre julho e agosto de 2024. Um relatório da ONU divulgado em fevereiro apontou que até 1,4 mil pessoas podem ter sido mortas no período. Já o governo interino reconheceu mais de 800 mortes e cerca de 14 mil feridos.
A leitura da sentença havia sido antecipada para esta segunda-feira depois que explosões de bombas caseiras e ataques incendiários, atribuídos a apoiadores da ex-premiê, provocaram o fechamento de escolas e paralisação do transporte público em várias regiões.
Antes de o tribunal divulgar a decisão, o Awami League voltou a convocar greve geral. Em uma mensagem de áudio, Hasina pediu que seus simpatizantes não se deixassem “intimidar” pelo julgamento.