Empresas estariam lucrando milhões ao manter preços altos mesmo após reduções feitas pela Petrobras; caso será apurado pela PF, Cade e outros órgãos
A AGU (Advocacia-Geral da União) solicitou nesta quinta-feira (3) a abertura de uma investigação para apurar indícios de que distribuidoras e postos de combustíveis em Mato Grosso do Sul estão retendo parte das reduções de preços feitas pela Petrobras e, com isso, aumentando suas margens de lucro às custas do consumidor.
O pedido de apuração foi enviado à Polícia Federal, ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), à Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), ao Ministério da Justiça e à Procuradoria Nacional da União de Patrimônio Público e Probidade.
De acordo com denúncia feita pelo deputado federal Zeca do PT, em Mato Grosso do Sul, a prática pode estar rendendo lucros de até R$ 220 mil por dia — ou R$ 6,6 milhões por mês — às empresas do setor. A acusação é de que os postos repassam integralmente os aumentos, mas seguram parte dos descontos quando os preços nas refinarias caem.
Entre julho de 2024 e junho de 2025, a Petrobras aplicou sete reajustes em suas refinarias: três aumentos e quatro reduções. A análise da AGU revela que, nos casos de alta, os valores foram repassados ao consumidor, muitas vezes acima do reajuste original. Já nas quedas, a redução na bomba foi significativamente menor, gerando ganho extra para distribuidoras e postos.
O foco da apuração inclui possíveis práticas anticoncorrenciais e abusivas na formação dos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha (GLP). Há também menção a problemas específicos na Região Norte, especialmente ligados à Refinaria do Amazonas (REAM).