Empresa quer investir R$ 25 bilhões para ampliar base florestal e produção; pico das obras pode gerar até 10 mil empregos diretos
Um mês após o fim da disputa judicial bilionária com a indonésia Paper Excellence, a Eldorado Brasil Celulose tirou da gaveta o projeto de ampliação da fábrica instalada em Três Lagoas, leste de Mato Grosso do Sul. Segundo publicação do Diário Oficial do Estado nesta segunda-feira (23), a empresa solicitou autorização ambiental para investir R$ 1,9 bilhão na expansão da segunda linha de produção da unidade.
Com o novo investimento, a capacidade da segunda linha passaria de 2,3 milhões para 2,6 milhões de toneladas de celulose por ano. Somada à primeira linha, com produção anual de 1,8 milhão de toneladas, a Eldorado poderá alcançar a marca de 4,4 milhões de toneladas por ano em um único complexo – superando inclusive a Arauco, que pretende produzir 3,5 milhões em Inocência, também em MS.
De acordo com a empresa, o pedido de licenciamento foi protocolado ainda em 2024, antes do encerramento da disputa societária com a Paper Excellence. Em maio, os irmãos Batista fecharam um acordo de R$ 15 bilhões para retomar o controle da Eldorado, recomprando quase 50% das ações vendidas em 2017.
Como contrapartida ambiental pelo novo investimento de R$ 1,9 bilhão, a Eldorado terá de repassar R$ 13,3 milhões ao Governo do Estado para projetos de conservação. A compensação equivale a 0,7% do valor aplicado, conforme prevê a legislação ambiental estadual. Mas esse montante tende a crescer: em abril de 2023, o sócio Wesley Batista já havia anunciado que a ampliação total da segunda linha exigirá cerca de R$ 25 bilhões, o que elevaria os repasses ambientais a R$ 175 milhões.
A duplicação da fábrica é uma promessa antiga. Em junho de 2015, foi lançada a pedra fundamental da segunda linha de produção, em cerimônia que reuniu o então governador Reinaldo Azambuja, a senadora Simone Tebet, autoridades locais e representantes do grupo J&F. Desde então, no entanto, o projeto permaneceu engavetado.
Boa parte dos investimentos será destinada à expansão da base florestal da companhia, que já soma cerca de 250 mil hectares de eucalipto plantados em Três Lagoas e cidades vizinhas.
No pico das obras – cuja data de início ainda não foi anunciada – a empresa prevê a geração de até 10 mil empregos diretos. Após a conclusão, cerca de 1,5 mil empregos permanentes deverão ser mantidos na operação da nova linha.
Outro projeto em estudo pela Eldorado é a construção de um ramal ferroviário de 90 quilômetros, ligando Três Lagoas a Aparecida do Taboado. A obra, estimada em R$ 1,5 bilhão, permitiria o escoamento da celulose pela malha da Ferronorte até o porto de Santos, em São Paulo.
Se todos os investimentos forem concretizados, Três Lagoas se consolidará ainda mais como polo nacional e internacional da indústria de celulose, com impactos significativos na economia regional.